“Merecido na vitória, necessário na derrota”.

Espumantes italianos branco e rose

O Franciacorta é um mundo a ser explorado. Eles se prestam a diferentes combinações e harmonizações. Mas não que ele não possa ser degustado absolutamente sozinho, em qualquer momento do seu dia, pois como dizia Napoleão Bonaparte “Merecido na vitória, necessário na derrota”.

A França não é a única a ter a sua denominação de origem exclusiva para os seus espumantes. Lá, os espumantes produzidos na zona do Champagne, em Reims podem ser chamados de Champagne com todas as letras, da mesma forma para os espumantes produzidos na Espanha, na região que compreende a Cataluña, chamados de Cavas.

Na Itália acontece a mesma coisa: o ‘Champagne’ ou a ‘Cava’ italiana se chama Franciacorta e igualmente, só podem ser assim chamados os espumantes produzidos na zona de Franciacorta, que compreende 19 municípios da Província de Brescia, região da Lombardia.

Mas não é só isso! Além da região, claro que existem outras regras que interferem na denominação desses espumantes e, a mais importante delas é ter sido feito através do método clássico, ou seja, exclusivamente de vinhos espumantes refermentados na garrafa e que envolvem posteriormente o processo da chamada sboccatura ou, a retirada do depósito das leveduras, antes de migrarem para a garrafa definitiva.

 

A região das bolhas na Itália

Lombardia, uma área montanhosa localizada entre Brescia e a parte sul do Lago Iseo. Ali nasceu, 1995 nascia a DOCG Franciacorta, uma Denominação de Origem Controlada e Garantida que se refere não apenas ao vinho espumantizado, mas também ao seu método de produção específico, o método clássico.

Tipologia

A denominação Franciacorta DOCG diz respeito exclusivamente a vinhos espumantes refermentados na garrafa usando o chamado método clássico (ou tradicional), que envolve a refermentação na garrafa e a separação do depósito por meio de sboccatura.

Os tipos de Franciacorta permitidos pelas normas de produção:

  • Franciacorta DOCG
  • Franciacorta DOCG Satèn
  • Franciacorta DOCG Rosè, aos quais se acrescentam:
    • Franciacorta DOCG Millesimato (85% da produção proveniente da mesma colheita)
    • Franciacorta DOCG Riserva (60 meses de passagem por barricas de carvalho)

 

Com relação às variedades de uva, as únicas permitidas para a produção do vinho Franciacorta são Chardonnay (branca), Pinot Nero (tinta) e Pinot Bianco (branca) até um máximo de 50%.

Para a denominação Franciacorta Rosè, é possível usar Chardonnay até um máximo de 65% e Pinot Nero por pelo menos 35%.

Já para a denominação Franciacorta Satèn, podem ser usadas Chardonnay (mínimo de 50%) e Pinot Bianco até um máximo de 50%.

Uma adega de envelhecimento de Franciacorta na Itália
O processo de produção e envelhecimento dos Franciacorte seguem a risca as regras do método clássico

O mundo do bollicine é realmente encantador

Me apaixona conhecer todos esses detalhes. Além das classificações, denominações, percentuais de cada tipologia de uva para as belas e elaboradas composições, tem ainda outro fator importante, o teor de açúcar do vinho (ou seja, os diferentes níveis de doçura) de acordo com os tipos permitidos:

  • Pas-dosè, Extra-brut, Brut,  Extra-Dry, eDemi-sec, para o Franciacorta DOCG
  • Pas-dosè, Extra-brut, Brut e Extra-dry, para Franciacorta Millesimato
  • Pas-dosè, Extra-brut e Brut para Franciacorta Riserva
  • Pas-dosè, Extra-brut, Brut, Extra-Dry, Dry e Demi-sec para o Franciacorta Rosè
  • Brut para o Franciacorta Satèn

Mas o que significa o termo Pas-dosè?

Ele refere-se a um vinho espumante que não excede 3 g/l de açúcar residual; é o vinho com menos açúcar residual na escala de vinhos espumantes.

Vinhos Franciacorta DOCG: áreas e método de produção

Lombardia, província de Brescia. Essa é a zona onde se cultivam as uvas para a produção dos espumantes preferidos dos italianos. Esses territórios, localizados na parte noroeste da província de Brescia até a borda sul do Lago Iseo, são principalmente montanhosos, caracterizados por solos pedregosos e bem drenados e marcados por um microclima particularmente favorável ao cultivo de videiras nobres, como Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Blanc.

Uma garrafa quadrada de espumante italiano
A maravilhosa garrafa quadrada do Ferghettina

 

As uvas devem ser colhidas no período de meados de agosto até as primeiras semanas de setembro. Após a colheita, elas são transportadas para as cantinas para serem esmagadas e produzir o mosto e, é somente na primavera seguinte que o mosto é transferido para os barris de carvalho para serem submetidos a um processo cuidadoso, que envolve a mistura do vinho base e a adição subsequente de açúcares e leveduras, sendo estes últimos indispensáveis para permitir a fermentação na garrafa.

Franciacorta: características organolépticas e harmonizações

Cada um dos Franciacorta mencionados acima tem as suas peculiaridades, tanto em termos de teor de açúcar, anos de envelhecimento, cores, aromas e principalmente, se prestam a diferentes combinações e harmonizações.

O Franciacorta tradicional tem uma cor amarelo-palha com reflexos dourados ou esverdeados. A versão Rosè o próprio nome já diz, tem tons rosados, mais ou menos intensos, seu aroma é delicado e harmonioso com notas de frutas cítricas, frutas secas e casca de pão, e o sabor é seco, saboroso, encorpado e elegante, além de deixar um agradável sabor frutado na boca.

Já no Franciacorta Riserva nota-se aromas e sabores muito mais evoluídos, justamente por causa de seu longo envelhecimento de barricas de carvalho.

Mas, a principal característica de um vinho Franciacorta, sem sombra de dúvidas é o seu perlage, ou as bolhas, a efervescência, que é fina, intensa e persistente, além da espuma ser muito rica, características dos vinhos espumantes de alta qualidade, como o Franciacorta e o Champagne.

A temperatura de serviço do Franciacorta, para desfruta-lo em sua melhor forma, deve ser em média de 6° a 8° C.

Já em termos de harmonizações, aí a sua imaginação será o limite, pois nesse aspecto, eu ainda tenho um gosto muito particular e discordo de algumas harmonizações sugeridas (tenho que aprender e testar mais) mas, já aprendi muita coisa sobre isso, desde que cheguei na Itália.

Segundo os experts, o Franciacorta casa muito bem com aperitivos leves, primeiros e segundos pratos à base de carne e peixe, bem como com queijos como o Taleggio.

Mas vamos ser mais específicos:

Com o Franciacorta Brut o é ideal seria para aperitivos e pizzas.

Com o Franciacorta Millesimato (Pas dosè) é perfeito para risotos.

Enquanto o Franciacorta Demi sec combina perfeitamente com pequenos doces.

Já o Franciacorta Satèn, por outro lado, é perfeito para pratos de peixe e crudités de frutos do mar.

O Franciacorta Rosè combina bem com ovos (nas versões vintage e extra brut) e sobremesas, como a Bossolà, típica da província de Brescia, no tipo Demi sec.

Mas, acima de tudo, o Franciacorta é um vinho que pode ser apreciado desde o aperitivo até a sobremesa e, para nunca errar na harmonização, é sempre aconselhável considerar o nível de açúcar de cada escolha.

Salute

Cyntia Braga

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